Limitação humana

       Às vezes minha integridade se derrama pelas palavras de algo raivoso. E como se me atingisse corretamente. Falam daquilo que gosto, daquilo que me cerca. Daquilo que somos. Limita-me a gostos e palavras. Os livros que aprendi e guardei na minha cabeça desaparecem como se não existissem. Eu sei, não foram muitos os literários e muitas pessoas acham que sou inteligente por isso. Mas é como se por alguma diversão tudo perdesse a valia. Como se as pessoas não pudessem transitar sobre duas ou mais ideias. Se você é isso não pode fazer o que aquilo faz. E se você é aquilo não pode fazer o que isso faz. Porque se você em alguma vez, de alguma maneira, transgredir essa linha você já não é visto com bons olhos . E criamos um novo nome onde essas pessoas possam morar. Sempre que um ou outro indivíduo ultrapassa linhas e mais linhas tênuais de identidades pré-determinadas, ele é jogado lá, sozinho. Deixado para que paguem pela sua audácia de não se limitar. O novo não pode caminhar com o velho, porque se não o imita; não pode rejeitá-lo se não assombra, nem ser inerte a ele, porque estaria insensível a ele mesmo. Não temos mais saída, a não ser o julgamento. A maioria das pessoas se delimitam a coisas e param por aí. São as intocáveis mentes que não podem gostar de algo mais ordinário, porque deixarão de ser serias. Filósofos que se acham superiores, porque pensam compreender o Ser mais que os meros mortais incapazes de pensar. Matemáticos, Físicos e Químicos que acham que nada mais importa a não ser suas fórmulas e os conceitos. E mais uma infinidades de grupos que se evitam. Um se achando mais importante que o outro. Um desdenhando aquilo que não lhe é compreendido, aquilo que não lhe é saboroso aos lábios. E quando um deles tenta experimentar aquilo que não é comum em seu mundo, todos os outros olhos o condenam por tamanho pecado. Uma espécie de traição da própria natureza. Por que eles ao invés de arregalarem os olhos e de uma maneira dramática dizer que se decepcionaram com aquela atitude, eles não fazem o mesmo? Talvez o medo. O medo de ser comum. Porque nós somos, apenas não aceitamos isso.

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