História sem razão e aprendizado
Ele surgiu de um lugar onde essas palavras não conseguem ouvi-lo. Passos rápidos; uma conversa entre pés, chão e um amanhecer repleto de estrelas. É, todas elas adormecidas sob um disfarce transparente. Era melhor para elas deixarem a manhã renascer como de rotina.
Tudo estava atrasado: o vento, o silêncio, o tempo. Tudo menos o menino. Seu andar apressado talvez fosse para tentar alcançar o atraso das coisas ou, até mesmo, para nunca encontrá-lo. Alguns diziam que seus olhos tinham cor de amor, outros viam tristeza, mas ele mesmo não sabia a cor dos seus olhos. Ele sabia de uma coisa: quando dizia que eles eram verdes, uns gargalhavam de descrença. Ele podia ouvir até o próprio Deus rindo dele. Mas nada disso atrapalhava a sua rápida caminhada.
Atrás dele existia uma mochila. Todos que a pegavam perguntavam a razão dela ser tão pesada. Ele entregava um sorriso como resposta. E quando ele chegava, pedia licença e sentava em seu lugar, quando nada lhe impedia. Se não, ia logo buscar com as pessoas aquilo que pertencia a ele, o conforto, não completo, para o seu cansaço. Eles sempre diziam que sua alma cheirava a inteligência e que sua mente tinha um abraço bom. Alguns até ousavam em dizer que o seu vazio poderia ser a sua alma. Isso já o faz querer ir embora mais cedo.
Mas antes de voltar, em meio a vozes - todas vivas - ele se perdeu. Mas isso não significa que ele um dia se encontrou. Na verdade ele sempre esteve perdido...
E ao voltar, de novo, pegou sua mochila pesada. Nela colocou seus livros, seus poemas, seus cadernos... Suas dores, sorrisos, sua vida e seus segredos. Havia anos que seus dias eram assim, uma estrada longa, dolorosa e confusa de volta para casa.
Para o fim dessa história sem razão e aprendizado, ele caminhou de volta e a cada pessoa por quem ele passava, a cada olhar que lhe despia, a cada garoto que lhe assombrava, garota que lhe desdenhava, tudo isso o seguia. Dentro de sua mochila.
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