Novo ano de novo

       É um novo ano, mas a continuação dos mesmos sabores já experimentados. São os mesmos olhos, as mesmas nuvens. Os mesmos pedidos e as mesmas esperanças que as coisas ruins irão mudar e que as boas crescerão. Luzes explodem sobre nossas cabeças tentando afastar o que tememos. Cores são usadas para trazer o que desejamos. Mas nossas tristezas ainda existem e o que queremos não virá sozinho. Mãos que ajudaram a contruir o que está indo e que agora não nos pertence. O passado é amigo de tudo e somos filhos do mesmo. Presenças nos acompanham e talvez apenas nos acompanhe. Sons quebram o silêncio do céu, que em um dia comum estaria escuro. Lembranças de pessoas distantes suspiram em nossas almas, mesmo que elas desconheçam o que é a saudade.
       Hoje as dores descansam e as lágrimas sorriem, se despedindo dos caminhos que nos ensinaram a tentar. Se conseguimos ou não, o que o importa é que sobrevivemos. E mesmo mortos nada será esquecido. As feridas de hoje serão as marcas de amanhã e o que respira em nós será eterno. O dia nasceu anoitecido para que a noite amanhecesse clara como a certeza do segundo que nos separaria do que fomos e do que seremos. Por mais que tentem derrubar as estrelas, elas serão as mesmas quando guardarmos os velhos pesadelos.
      Para mim tudo isso não deveria acontecer hoje. Há algo lá fora que não é o mesmo de sempre. E apesar dos meus dias serem os mesmos, a solidão é uma boa companheira.

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