Novas palavras

       Eu não quero ver os seus olhos, seus cabelos, sua vida escrita por mim. Eu não quero te ver, por completo, em minhas palavras. As coisas sempre parecem mais tristes quando são contadas pelos que estão distantes. E eu estou muito distante de você, ao ponto de não saber o que é eu e a distância. Não sei o que pertence a você e a mim aqui dentro e isso me deixa um pouco tonto. Eu me lembro de quando os dias sussurravam seu nome em cada respirar da minha alma. As coisas eram ecos das batidas do meu coração. Meus pensamentos, oferecidos a você. E mesmo existindo as feridas, essas tinham a sensação de flores. Mas alguma coisa anoiteceu em mim e como uma mentira jogada aos famintos, minha essência escureceu todo o resto. Você estava em um lugar que não sei mais como encontrar. E não consigo sentir com as antigas palavras, porque sozinho eu não acredito mais no amor. Talvez por isso eu não consiga olhar suas inicias sozinhas, acompanhadas nessas páginas guardadas. As novas palavras pedem para serem escritas, mas eu não sei o que elas querem dizer. Não sei o que elas querem dizer sobre você e meus sentimentos continuam caminhando por aí em algum lugar sem mim. Eles estão com você, mas não posso te acompanhar. Meus olhos não conseguem te tocar onde a realidade se faz vivente. Mas eu ainda tenho os sonos e os sonhos para tentar me enganar. Encontrar você com meu coração enfeitado com meus sentimentos perdidos. E quando acontecer, eu poderei adormecer sem medo e te abraçar com minhas novas palavras. Porque saberei, não que você está de volta, mas que apenas meus olhos não conseguiam te enxergar nessa noite que vive um pouco mais que o ontem.

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