Amanhã

       Eu me alimentarei das sombras que os dias desejam sobre as coisas. O tempo nascerá quando meus olhos acordarem; sempre junto com o silêncio de uma escuridão bem adormecida. E ela sonhará com uma brincadeira de sete horas em um lugar longe de onde estou agora. Lá, as vidas que respiram terão que ser amadas hoje, porque poderão não mais existir quando os ponteiros forem fios de lembranças daquilo que foi o meu ar. As lâmpadas que iluminaram todos os cantos, não espantarão os medos que nesses instantes me abraçam. É tão forte, tão inteiro, que eu poderia pular dentro de mim e mesmo assim estaria preso. Mas eu sei, terei que me despedir das minhas asas, para realmente perceber que a frieza do céu era as pedras fingindo ser estrelas. Todas as janelas terão que ser limpas para que as próximas estações sejam vistas chegando nas histórias que o vento e as nuvens contam. Eu abrirei os meus olhos e por isso as cores também serão minhas. Como a página que um dia foi branca, minha mente está inocente. Aos desenhos que dominam minhas mãos, eu entregarei os traços que não fiz. Serão com eles que caminharei em busca dos meus pedaços quebrados, espalhados nas dúvidas que me pertencem. Em todas as futuras tardes que elas se tornarão as respostas pela qual carregarei a vida. E eu viverei, mas amanhã.

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