Segunda-feira


Segundas-feiras são tristes
De início, outra vez, os ciclos intermináveis
E neles vejo, olhando para trás, todos os dias em cacos
Por eu nunca tê-los colocado nos braços
E diante dos olhos, os próximos fôlegos
Estão, muito ou pouco, tão longe do fim

Tudo está fora do lugar
Escrevo em uma folha que deveria estar pálida
Sono atrasado demais para seguir os sonhos
Meu corpo adoece de uma forma quase pura
E o meu peito se desagua em uma estranha sensação
Não se sabe de perda ou de ganho
O que sei é que hoje é o primeiro dos dias
Talvez por isso pareça tão triste

Arei uma terra que pensei nutrir as sementes até o meu inverno
Mas ela não vingou nem para ver a colorida primavera
Ao menos a chuva parece a caminho desse santuário
Quem sabe assim as sementes nutram firmes pontes
Entre a terra e o céu, para você e para mim

O meu eu, nestes versos, conjuga às escondidas
As ações que quebram as costumeiras alegrias de outrora
Simplesmente por ainda não saber onde me procurar

A infinitude nos deixou muito antes do toque de sorrisos
E apesar de agora sermos eternos, ainda estou um pouco confuso
Porque hoje é segunda-feira e, por alguma razão, elas são tristes.

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