Escura esfera íntima

O nada que eles apontam com os seus dedos
Na verdade, é tudo para mim; é tudo o que tenho
Talvez, eu os entenda um pouco a razão
Mas não posso me deixar sozinho e me apontar os próprios dedos
Essa é a minha esfera íntima e eu não posso abandoná-la
Porque, querendo ou não, eu giro em torno dela
Como, também, ela gira em torno de mim

Meus olhos, vítimas das mesmas poeiras nascidas em algum tempo longínquo,
Me fazem notar que a terra em que piso não me pertence
É tão triste perceber isso! – sinto-me desgastado
Porque eu sei como dói a viagem entre elas, a esfera íntima e a realidade
Talvez, por isso, aquela garota que quase se deita no chão
Aquele garoto que se lapida como pedra
E os que me apontam os dedos, pareçam tão corajosos
Tão vivos e orgulhosos – afogaram os seus íntimos muito fundo

Sem o meu nada, eu nada sou
Nele, eu leio as estrelas e elas me sorriem
Eu folheio o mundo e ele se coloca em minhas mãos
Eu rasgo as incertezas e elas me fazem voar
E, marcando o papel vazio, ele me mostra
Que, por vezes, o nada sentenciado para uns
É um caminho ingênuo, silenciosamente desenhado, na escuridão de outros.

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