Limites

"Lo mismo" de Goya.

Sei que nem tudo é tão ruim quanto parece,
Nem tão bom quanto esperamos.
O que aparece ruim pode ser muito pior,
E o que é bom, ser simplesmente esquecido
Sob as folhas de uma guerra
Ou sob os escombros de um outono.

Se todas as mãos têm o mesmo mecanismo,
Não significa, é verdade, que todas elas
Apertam o gatilho quando outra delas o faz.
O ódio ama os seus inimigos
E a morte dá à luz aos seus nascidos.

O que temo não são as maldades dos maus,
Nem as omissões dos omissos,
Mas sim, as maldades dos bons
Com as maldades dos omissos
Junto com as maldades dos maus.
Porque isso significa que todas as mãos
São capazes de odiar os seus amigos
E tirar a morte dos seus cadáveres.

Sinto-me como um rato entre cobras,
Ainda que essas, em outros tempos,
Pudessem me abraçar.
Há mundos que nunca hão de ter pontes,
Mas quando colidem, embaralham-se.

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