Brandura
As
minhas roupas têm furos
Que
não podem ser ignorados:
Eles
mostram o meu lugar.
Não
me envergonho deles,
Pelo
contrário, me orgulho
Como
o mendigo que carrega
Nas
costas as suas simples coisas;
Como
uma pele de um torturado
Que
cicatriza como força e protesto.
O
orgulho não é aquele das riquezas,
Das
aparências e da solidez fixa,
Mas
sim aquela que, apesar da miséria,
Dos
traumas e dos tecidos usados,
Com
tão pouco se faz sobrevivência.
Apesar
de todas dificuldades
(As
fomes, os machucados, as dependências),
Os
caminhos seguem dizendo “olá!”.
É
por meio dessas mãos vazias,
Corpos
violados e vidas clandestinas,
Que
as flores da misericórdia parecem
Colorir
os jardins suspensos e existenciais.
Os
cortinados em volta da cama
Também
tem rasgos:
Pequenos
o suficiente para não entrar insetos,
Mas
grandes o bastante para me preocupar
Com
mais gastos para os próximos meses.
Através
deles, entre os sonos e as vigias,
Escorrem
os estrangeirismos autodidatas
Que
eu me arrisco em tentar:
Sous ciel je n’arrive
pas lire les étoiles;
In the ground, the
stones hurt my back.
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