Além-eu




















Perguntei a uma ana de cabelos anoitecidos em espiral
O porquê das dores do mundo me atingirem como as minhas
Tão logo joguei as cartas e a resposta me veio com mais uma dor:
“Porque você é também humano e se importa com o além-si”
Ouçam Humanos! Eis que sou como vocês todos que se espalham

Quem será o terreno Homem que desmontará este coração?
Quem será a mística Mulher que juntará todas as partes no apocalipse?
Hão de nascerem aqueles que um dia sequer me entenderão
Apenas peço que vocês não me temam, sou eu que os temo
Tanto mais que o mar da morte entre os viventes continentes
Ouçam Humanos! Eis que sou como vocês todos que se juntam

Por mais que o rícino da esperança pingue da minha cabeça
Existem coisas maiores para sorrir e outras gigantes para chorar
Eu sou apenas um reflexo perfeito deste mundo que vos fala
Num corpo que a decadência se faz própria em ascendência
Ouçam Humanos! Eis que sou como vocês todos que sobrevivem
A procura de uma sombra que traga algum sentido à violenta luz

Se desde o pequenino ponto a solidez dos algos deveria assim ser
Por qual razão ela mudaria no acompanhar da eterna expansão?
Algum, por favor, encontre as chaves das minhas portas mentais
E ouçam as músicas que as minhas fibras cardíacas tocam e tocam e tocam...
Eu preciso que essas pobres criaturas leiam as páginas da minha alma
Mas, breve e triste, tenho que concordá-la: eu sou humano!
Então, ouçam Humanos! Eis que sou como vocês todos que se matam
E dessa vez não é a menina que diz, é o sozinho e solitário eu.

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