Descarnação
O
que será que há por baixo da carne do corpo,
Da
carne dos ossos e da carne da alma?
De
alguma forma, no fundo, todos nós sabemos:
Alguns
com certos conhecimentos; outros, com contrários,
Mas
acabamos sempre tecendo as estrelas com as linhas do sentido.
Às
vezes, finjo esquecer o significa de qualquer palavra,
Para
ter o sabor e a vibração de aprendê-la outra vez.
O
mesmo faço com a vida: a esqueço de seu fim
(Tanto
do meu, quanto dos meus),
Me
fazendo rir junto com a finitude, que gosta da ideia.
Quando
lembro de pronunciá-la, a vida, o vestido da noiva
Que
era bastante para recobrir toda a noite, já não o é mais.
Então,
eu sinto o gosto de me resignar ou de agradecer...
Mas,
talvez, eu realmente nunca tenha aprendido a dizê-la.
Na
imprecisão do tímido balbuciar e da rudeza de entender,
Enquanto
os sons dos gostosos risos continuam,
É
que acho que sentimos que uma morada nos espera:
O
coração tanto se acalma que poderia parar.
Ainda
sou o infante que sonha em voar
Para
além das próprias carnes, sejam elas quais forem,
Apesar
dos anos e de também saber –– e de também saber!
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