Meditações
Assim como um adulto quando estapeia uma criança,
Parecendo o ensolarado sol ao inflamar a delicadíssima
pele,
A minha alma nos enredos e nas tramas das variadas
vivências
Sofre com murros o que na verdade são simples toques.
Tão movediço é o meu interior e pequenos são os silêncios
Que caem das suas passarelas, sujam o chão e voam com o
vento:
Mãos pegas pela distância e puxadas para perto de sua
senhora.
De onde estou, a translação da vida não se esforça para
disfarçar
Os muitos ruídos de suas engrenagens. Minha viciosa
rotação,
Apesar dos belos efeitos (o rodopiar do vestido, o
colorir das rimas,
Como uma bailarina ou felicidade), No fim, me tonteia e
me acaba
Trocando as colunas das pernas pelos horizontes dos
braços.
Queria eu ser mais adulto que o Tempo para colocá-lo de
castigo,
Impedindo de passar, no mesmo instante que taparia os
ouvidos
Do Mundo com algodões, com nuvens que estivessem sobrando
por aí,
Para que a minha bagunça me organizasse e o meu barulho
criasse canções.
Porque grandes foram as vezes que achei desejar a
quietude ao redor,
Sem saber que em mim girava um pião querendo mais e mais
cordas...
Mas também sou um gauche
na vida, desses que são incapazes
De fazer ilusionismos baratos que acalmam o sufoco do
peito.
E ele aperta; aperta como o primeiro laço feito no
cadarço
Quando aprendido e que incomoda até o final do caminho.
A melancolia tem um pouco disso: estrondos íntimos que
falam
Num linguajar mudo e a comoção que era uma lagoa,
transborda
Em um oitavo mar. Há tantos barquinhos de papel
escorregando
Por ele, que eu não sei quantas águas mais vão me dobrar.
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